REDE DE SUPERMERCADOS EM CHARQUEADAS SUSPEITA DE VENDER PRODUTOS DE ENCHENTE

Funcionários usavam lava-jato e escovas para tirar o barro das mercadorias, sobretudo latas de cerveja, garrafas de espumante, caixas de suco e material de limpeza. Polícia suspeita que itens eram trazidos de Eldorado do Sul para serem vendidos em Charqueadas. Vigilância Sanitária interditou o local

O depósito de uma rede de supermercados foi flagrado pela Polícia Civil lavando produtos atingidos pela enchente. Quando os agentes chegaram no endereço, em Charqueadas, na tarde de terça-feira (2) dois funcionários usavam lava-jato e escovas para tirar o barro das mercadorias.

Ao mesmo tempo, uma outra equipe vistoriava a unidade da cidade e recolhia produtos com indícios de terem sido afetados pela enchente, principalmente bebidas alcoólicas. Notícias 24h apurou que se trata da empresa Índio Supermercados, com matriz em Guaíba, que possui uma unidade em Charqueadas e outras filiais em cidades da região.

Segundo a Polícia Civil, a unidade de Charqueadas não foi atingida pela enchente. No entanto, pelo menos duas lojas da rede foram afetadas em Eldorado do Sul e a suspeita é de que os produtos eram trazidos de lá.

A gente suspeita que aos poucos eles iam inserindo para venda junto com outros produtos — disse o delegado Marco Schalmes, responsável pela investigação.

Nas bebidas, os policiais repararam que havia sinais de comprometimento da embalagem. Em garrafas de espumante, o rótulo estava desgastado. Nas latas de cerveja, muitas estavam amassadas e com marcas de oxidação.

— No mercado nos deparamos com latas danificadas e extrato de tomate visivelmente afetados pela enchente — reforçou Schalmes.

A Zero Hora esteve no depósito na manhã desta quarta-feira (3) e constatou dezenas de caixas de produtos ainda com lama. Além das bebidas, havia produtos de higiene, limpeza, sucos e até embalagens de mamadeira para crianças. Uma equipe da Vigilância Sanitária, que acompanhou a ação policial, interditou o estabelecimento.

O responsável pelo mercado deve ser ouvido ainda nesta quarta-feira pela polícia. Ele pode ser responsável por crimes contra as relações de consumo.