SAÚDE
Secretaria da Saúde emite alerta para situação crítica de dengue
   
Gaúchos agora combatem o mosquito transmissor

Por VCS e Secretaria Estadual da Saúde
28/03/2022 15h19

Dengue assusta no RS

O Rio Grande do Sul passa por um surto de dengue que retomou sua ação nos primeiros meses de 2022 no estado.

A Secretaria da Saúde (SES) emitiu na sexta-feira (25/03) um alerta epidemiológico sobre a dengue. “Os dados epidemiológicos apontam para um aumento de casos de dengue este ano em relação ao ano passado, tanto de notificações quanto de confirmações.

A tendência é seguir até mais ou menos junho, que é o período sazonal da doença”, falou o biólogo do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Jáder Cardoso, durante reunião do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE) Arboviroses, ocorrida na sexta-feira (25/03).

O Rio Grande do Sul registrou até o momento, em 2022, 2.252 casos confirmados de dengue, entre eles 2.031 autóctones (contraídos no próprio território de residência).

As regiões do Estado mais críticas são as pertencentes às Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) 1ª (Porto Alegre), 2ª (Frederico Westphalen) e 16ª (Lajeado). 193 municípios gaúchos notificaram casos suspeitos. Foi confirmada uma morte por dengue, em Chapada, e seis outros óbitos estão em investigação por dengue.

De chikungunya, foram confirmados 11 casos, 10 deles autóctones. As confirmações se concentram, principalmente, no município de Água Santa, na região de Passo Fundo, 6ª CRS. Em relação à zika foi confirmado, em 2022 até o momento, um caso considerado importado (contraído fora do território gaúcho), em Encantado. Febre amarela não registrou nenhum caso confirmado em humanos, apenas casos em primatas não-humanos, o que evidencia a circulação do vírus e a necessidade da vacinação.

O documento é voltado para os profissionais de saúde, com orientações sobre como lidar com casos suspeitos dessas doenças e sensibilizar a classe médica para o diagnóstico. “Quando os pacientes chegam aos serviços de saúde com sintomas gripais é preciso avaliar não apenas a possibilidade de coronavírus, mas também arboviroses como a dengue”, falou a diretora do Cevs, Cynthia Molina Bastos.

Na próxima semana, os municípios irão receber capacitação do Cevs com apoio do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS) e serão estimulados a realizarem mutirões de limpeza. O objetivo é reduzir os criadouros de mosquitos causadores da dengue Aedes aegypti. “Os mosquitos se valem de resíduos sólidos que podem manter água parada para se reproduzirem”, explicou Jáder. “Cada município, cada território tem suas particularidades.

O combate do mosquito deve ser realizado nos municípios”, concluiu a diretora Cynthia. O alerta emitido diz que os municípios não devem aguardar a confirmação de um caso para tomar as medidas sanitárias e ambientais cabíveis, mas sim, agir logo na ocasião da suspeita.

Leia o Alerta Epidemiológico Dengue

POR MARÍLIA BISSIGO

Dengue é uma doença febril aguda, que pode apresentar um amplo espectro clínico: enquanto a maioria dos pacientes se recupera após evolução clínica leve e autolimitada, uma pequena parte progride para doença grave. É a doença viral transmitida por mosquito que se espalha mais rapidamente no mundo, sendo a mais importante arbovirose que afeta o ser humano, constituindo-se em sério problema de saúde pública no mundo.

Ocorre e dissemina-se especialmente nos países tropicais e subtropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Nos últimos 50 anos, a incidência aumentou 30 vezes com aumento da expansão geográfica para novos países e na presente década, para pequenas cidades e áreas rurais. É estimado que 50 milhões de infecção por dengue ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas vivem em países onde o dengue é endêmico.

Há referências de epidemias desde o século XIX no Brasil. No século passado, há relatos em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de Janeiro, sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia, documentada clínica e laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista-RR, causada pelos sorotipos 1 e 4. Em 1986, ocorreram epidemias, atingindo o Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes ou alteração do sorotipo predominante.

No período entre 2002 a 2011, a dengue se consolidou como um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil. Nele, a epidemiologia da doença apresentou alterações importantes, destacando-se o maior número de casos e hospitalizações, com epidemias de grande magnitude, o agravamento do processo de interiorização da transmissão, com registro de casos em municípios de diferentes portes populacionais e a ocorrência de casos graves acometendo pessoas em idades extremas (crianças e idosos).

O processo de interiorização da transmissão já observado desde a segunda metade da década de 1990 mantém-se no período de 2002 a 2011. Aproximadamente 90% das epidemias ocorreram em municípios com até 500.000 mil habitantes, sendo que quase 50% delas em municípios com população menor que 100.000 habitantes.

A dinâmica de circulação viral dessa década foi caracterizada pela circulação simultânea e com alternância no predomínio dos sorotipos virais DENV1, DENV2 e DENV3. No segundo semestre de 2010, ocorreu a introdução do DENV4 a partir da região norte, seguida por uma rápida dispersão para diversas unidades da federação ao longo do primeiro semestre de 2011. A circulação simultânea dos diversos sorotipos vem determinando o cenário de hiperendemicidade da doença, responsável pelos altos níveis de transmissão atuais.
Fonte: SVS/MS


   

  

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